segunda-feira, 9 de março de 2015

SOBRE A POLEMICA DO "CAIR NO ESPIRITO"





Já presenciei inúmeras vezes em que pregadores, oram por pessoas e elas caem, dependendo das circunstâncias, uns afirmam que tais pessoas “caíram no espírito” e em outras, que foram “anestesiadas” para receberem a cura, de qualquer forma, deveríamos ser criteriosos sobre o assunto, porém, como acontece sempre, a maioria se omite a verificar se essa pratica tem o aval das escrituras. É um grande erro,  aceitar as coisas sobrenaturais, como se todas procedessem de Deus, ou ainda mais grave é aceita-las sem o apoio claro das escrituras. Eu me preocupo bastante, com a falta de discernimento e a ignorância sobre o assunto. Gostaria de deixar um parecer claro sobre essa pratica de derrubar as pessoas, com o argumento de que elas estão sendo anestesiadas ou estão cheias do poder de Deus, ou que foram derrubadas para que o SENHOR venha efetuar uma cura nelas. No final, você mesmo pode tirar as suas conclusões.
Em primeiro lugar, a pratica de “cair no espírito” se popularizou no movimento Vineyard de Toronto, Canadá. Foi de lá que saíram muitas praticas bizarras, como a farenose, ou o que conhecemos como a pratica do crente receber um “poder” ou uma “unção” e urrar como leão, latir como um cachorro, e pasmem! Soltar gargalhadas estridentes e coisas assim (Esse ultimo, também conhecido como o riso santo)
Em segundo lugar, Gunnar Vingren, na década de 1920, nos primórdios do movimento pentecostal no Brasil, foi informado que havia um “avivamento pentecostal” em Santa Catarina e se dirigiu ao local desses encontros, ali entre certas manifestações, havia a pratica de “cair no poder do espírito”. Vingren  porém, não aceitou as manifestações como autenticas, e as classificou como feitiçaria (1)
Em terceiro lugar, o pastor norte-americano Paul Gowdy, um dos mais antigos pastores do movimento Vineyard, o movimento que popularizou no meio evangélico, a pratica do “cair no poder” abandonou o movimento, ele mesmo declarou posteriormente ser tais manifestações enganosas  e satânicas. (2)
Essas considerações foram feitas por gente que conviveu com casos típicos do fenomeno de “cair no espirito”
Mas o que a bíblia diz sobre o assunto? Quero me concentrar na temática polemica do “cair na unção” ou no “cair anestesiado” ou “cair para receber uma cura” porque minhas verificações como testemunha desses fenômenos, tiveram como contexto, o argumento de que eram uma dessas três coisas que estava ocorrendo quando alguém recebia uma oração, caía, supostamente pelo poder do Espírito Santo, para receber uma cura. Vamos verificar nas escrituras, e depois você mesmo pode tirar suas conclusões.


Primeiro exemplo: A sogra de Pedro (Mateus 8:14 e 15) quem derrubou ela? A doença! Quando Cristo chegou lá, ela estava acamada, e então o Senhor repreendeu a febre e ela se levantou. Aqui está um exemplo claro, de que Cristo não derruba para curar, mas cura para que a pessoa outrora doente, receba a cura e se levante.
Segundo exemplo: Um paralitico recebe o perdão dos pecados, ele não precisou ser anestesiado ou cair no espírito para receber a cura, pelo contrario, o Senhor mandou que ele se levantasse e não que caísse (Mateus 9:6)
Terceiro exemplo: A ressurreição de uma menina, ocorreu depois que a morte derrubou ela, nesse grandioso milagre, Jesus mandou que ela se levantasse (Mateus 9:25) até aqui vimos como o “cair” nunca é uma obra do Espírito Santo, mas o levantar sempre é o resultado do milagre.
Quarto exemplo- Os cegos em Jericó, clamaram ao Senhor. Eles desejavam receber a cura, então, pelo fato de estarem assentados no caminho, o Senhor os cura. Eles seguem Jesus pelo caminho, o que indica que estavam assentados e de imediato se levantaram. Para recebeu a cura, não precisaram “cair no espírito” (Mateus 20:29 a 31)
Quinto exemplo: Jesus em  Marcos 11:23 fala sobre o poder da fé, e a fé nos conduz a  possibilidade de que Deus erga montanhas e não que derrube elas. Aqui está um exemplo simples, de que a fé serve para levantar as pessoas e não para derrubá-las.
Sexto exemplo:  A morte derrubou lazaro, e Cristo ordenou que ele saísse da sepultura, o que indica que enquanto a morte derrubou Lazaro, Cristo, pela ressurreição, levantou ele (João 11:43)
Sétimo exemplo: a cura do paralitico no tanque de Betesda, Jesus não anestesia o homem paralitico, mas ordena que se levante e tome o leito, simples e claro! (Joao 5:8)
Oitavo exemplo: Jesus encontra um homem com a mão mirrada na sinagoga, e o que ele ordena? Que o homem se levante para ser curado (Lucas 7:11 a 17) sem palavras, Jesus aqui, faz o inverso, dos promotores do movimento “cai, cai”...
Nono exemplo: o coxo na porta Formosa, o que João e Pedro ordenaram a ele? Levanta-te em nome de Jesus! (Atos 3:6) Eles não precisaram impor as mãos no pobre homem para “cair no espírito” e receber a cura, simplesmente ordenaram que ele se levantasse, e ele se levantou.
Décimo exemplo: quem derrubou Dorcas? A doença e a morte! E quem ordenou que ela levantasse? Oh sim! Leia você mesmo (Atos 9:39 a 43)
Décimo primeiro exemplo: A cura do paralitico em Listra, ordenaram a ele que se levantasse, e não que “caísse no espírito” para receber uma suposta anestesia e uma cura. (Atos 14:10)



Exemplos negativos nas escrituras

Primeiro exemplo: O demônio derrubou um homem dentro da sinagoga, quando foi repreendido por Jesus (Lucas 4:31 a 37)
Segundo exemplo: Os que foram rebeldes na peregrinação do êxodo, morreram caídos, prostrados no deserto (I Coríntios 10:5)
Terceiro exemplo: Por ocasião daquele acontecimento trágico, em Atos 5, Ananias e Safira caíram diante de Pedro. Porque? Fizeram trapaça e mentiram. Aqui temos um exemplo de duas pessoas caírem diante de uma congregação, na presença de um apostolo aqui eles caíram pelo poder de Deus, mas foi um juízo divino. (Atos 5:1 a 10)
Quarto exemplo : aqui mais uma vez, a ação de demônios derruba uma vitima, induzindo-a a que seja arremessada ao fogo e na água, e então depois de uma radical libertação, ela fica como morto, caída no chão, até que Jesus o levanta. Como vimos, Jesus levanta aqueles que os demônios derrubam (Marcos 9: 24 a 26)


Positivamente considerado
Exemplo de João na Ilha de Patmos.(Apocalipse 1) Nesse caso, foi a glória de Deus que se manifestou de forma literal, não foi por causa de um enchimento, uma unção que caiu sobre João ou por causa de uma cura que ele tinha que receber, por isso não deve ser tomado como argumento favorável, para o “cai, cai” porque João se prostrou diante de Cristo por causa da glória e da autoridade do Filho de Deus, como podemos observar em Filipenses 2:10. E não porque alguém orou por ele, para receber uma unção ou uma cura.
Exemplo de Paulo no caminho de Damasco. Mais uma vez, podemos observar que a queda de Paulo foi por causa da glória e da autoridade de Cristo, e não porque Paulo foi cheio do Espírito, ou que recebeu uma unção especial. Portanto o exemplo de Paulo não serve para justificar o “cai, cai” moderno promovido por pregadores pentecostais.
O exemplo da glória no templo em I Reis 10:8 a 11, não serve como alicerce, para justificar o movimento do “cai, cai” porque o que ocorre ali é a glória e o poder de Deus, impedindo a ministração dos sacerdotes, não se trata de um recebimento de poder, uma unção que os sacerdotes receberam, como querem propor os defensores do movimento do “cai, cai”
O exemplo de Daniel 10:8 e 9, também nada tem a ver com as experiências do movimento “cai, cai” aqui Daniel tem uma experiência singular de revelação, ele não recebeu uma unção, um enchimento ou teve alguém que impôs as mãos sobre a sua cabeça, ele não estava em um culto, nem precisava receber uma cura, apenas teve uma experiência singular da autoridade de Deus, e a revelação sobre os acontecimentos dos últimos dias.

Considerado a partir do movimento da graça de Deus no coração do homem

Nesse caso, a queda espiritual do filho prodigo foi por causa de seu pecado, e quando ele caiu em si, simplesmente se levantou, e foi ter com seu pai. A graça levanta o homem, para estar firme e  sóbrio diante de Deus (Lucas 15:18)



Considerado na perspectiva ministerial
“E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará...” (Tiago 5:15) na ministração de oração ao enfermo, a orientação bíblica é que o enfermo se levante, e não que sofra uma queda para receber supostas cirurgias e ou anestesias. Tais conceitos são completamente estranhos as escrituras.

Uma palavra final: considerando o que as escrituras falam sobre o assunto, não tenho a intenção de ser áspero em minhas palavras, apenas desejo que todos sejamos coerentes, e tenhamos o discernimento, para não cair em enganos, nem abraçar outro evangelho, pois isso é abrir as portas para a maldição (Gálatas 1:8).  Portanto segue a regra simples de ficar somente com a revelação das escrituras, a bíblia como lâmpada que ilumina nossas questões espirituais (Salmos 119:105). Creio que as manifestações autenticas do poder de Deus, se encaixam perfeitamente com a revelação das escrituras e não desrespeitam as regras nelas contidas ou invertem os princípios nelas descritas. Creio na suficiência das escrituras, e no que ela ensina, e na medida em que leio e estudo a bíblia, compreendo que tudo deve ser testado de acordo com seus ensinos. Pelo fato da porta do sobrenatural estar aberta, inclusive as portas do engano. João admoesta a provarmos os espíritos (I João 4:1 a 6).

Muitos temem blasfemar contra o Espírito Santo, e se esquecem que a blasfemia pode vir justamente no fato de atribuir ao Espírito Santo, coisas que trazem confusão, divisão, discórdias, bizarrices e tantas coisas que distorcem a verdadeira natureza das coisas santas e puras. Lembremos disso sempre.  Pois o Senhor deve ser exaltado através de nossa fé. Deve ser adorado através de nosso culto, e deve ser respeitado através da revelação das escrituras.
 O simples fato de rejeitar algo que não tem apoio nas escrituras não se constitui um pecado, na verdade, trata-se de ter sobriedade, prudência e sabedoria, com relação as coisas espirituais.

Textos bíblicos para um estudo pessoal

II Timoteo 4:3 e 4, Judas 3 a 13, Mateus 24:11 a 13, Deteronomio 13:1 a 3, II Tessalonicenses 2:1 a 12, I Corintios 3:16 a 17II Pedro 2:1 a 3.

Tenhamos muito cuidado com as novidades e as inovações

A escolha é sua...
Eu fico com as escrituras, com a ordem e com a decência...


Autor Clavio J. Jacinto


     (2)    http://wwwcomunidadecristaleaodejuda.blogspot.com.br/2011/03/cair-no-poder-e-de-deus-ou-      do-diabo.html
Veja também a posição de Ciro Zibordi em
As declarações de Paul Gowdy em:

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