quinta-feira, 5 de novembro de 2015

OS PERIGOS DE UM OUTRO EVANGELHO


Algumas semanas atrás fui convidado para pregar em uma manhã de consagração em nossa denominação. Naquela manhã de domingo, abri a bíblia em Efésios 5:15 a 21, e fiz uma pregação expositiva do texto, começando pela prudência, o que seria um andar prudentemente, como exorta Paulo nessa epistola? Abordei de forma clara os assuntos dentro do contexto da passagem, fazendo uma exposição clara dos assuntos ali descritos. Dias depois um de nossos irmãos, comentando sobre a mensagem expositiva, admirou-se sobre a abordagem clara sobre o assunto, e argumentou sobre o fato dela não corresponder com as perspectivas dos presentes na igreja. A lógica das palavras, era que a igreja não está preparada espiritualmente para caminhar de acordo com as normas expostas em trechos como Efésios 5:15 a 21. Então eu expliquei que o fato da pessoas que professam o cristianismo não estarem vivendo de acordo com as normas do Novo Testamento, nos leva para uma conclusão: ou as pessoas estão agindo de forma  errada e as escrituras estão certas, ou as escrituras estão ensinando as coisas erradas e as pessoas que professam o cristianismo estão corrigindo as escrituras com o seu estilo de vida, oposto ao que as escrituras ensinam. Creio que as minhas palavras foram dignas de meditação. Desde então fui impulsiona do a escrever esse artigo. Li algumas semanas atrás do livro Vincent Cheung: A Luz das Nossas Mentes. Eu não concordo com tudo o que Cheung ensina, mas gosto de apreciar seus livros, porque eles me ensinam muito. Cheung  escreveu algo que eu concordo plenamente: “Não devemos dar as pessoas o que elas desejam, visto que elas desejam coisas erradas, antes devemos dizer a elas, o que as escrituras ordena que elas desejem”(1)
Estou ciente desse fato, de que o que muita gente ouve na minha igreja,  raramente irão ouvir em outro lugar. Tenho pregado a bíblia, feito exposição clara sobre os conselhos de Deus. Tenho feito oposição ferrenha a certas correntes teológicas, que surgiram nas denominações pentecostais, depois que abandonaram um regime conservador, para deixar entrar, toda a espécie de ideias errôneas, entre ela o antinomianismo (2). Tenho me oposto tenazmente aos truques emocionais que pregadores usam para chamar a atenção do povo, tenho de diversas formas me oposto ao entretenimento dentro da igreja, a transformar culto em shows, tenho me oposto aos desvios teológicos, a ênfase dada a dons em detrimento da palavra de Deus pregada. De certa forma, abandonei completamente o estilo de vida mundana pelo qual a igreja moderna se assenta.

Uma igreja apostata vive outro evangelho, sem duvida, essa é uma verdade irrefutável. Porem na pratica, muitos vivem uma vida divorciada completamente dos valores que a bíblia ensina, na verdade a própria bíblia não tem sido a autoridade final em questões de fé e doutrina. As experiências e sentimentos, tem prevalecido como fator que determina se algo é verdadeiro ou não. E nesse campo minado(do sentimento e das experiências místicas) as colunas da verdade tem sido bombardeadas de tal modo, que a vida de muitos cristãos, se encontra em ruínas espirituais.
Dias atrás meu filho, voltou de um culto empolgado! Alguém tinha entregado uma “profecia’ para ele, e então ele chegou pra nós e disse: “Deus falou comigo” essa carismania trás no seu seio uma grande heresia. Porque Deus fala através de uma mensagem mística proferida por um profeta em um grau maior do que na exposição das escrituras sagradas? Meu filho nunca afirmou que”Deus estava falando com ele” quando a biblia era lida ou pregada, mas todavia, afirmou que Deus lhe falou, quando um suposto profeta lhe entrega um “recado”. É lógico que alguém pode protestar contra isso que estou falando, porém na pratica, muitos carismáticos,  confessam só de boca, que a Biblia é a palavra de Deus e a autoridade final de fé. Na pratica, revelações, profecias e mensagens místicas, são aceitas com uma ênfase muito maior, do que a palavra escrita e canônica. Há até mesmo, e já testifiquei isso em certos ambientes, que a palavra de Deus é completamente desprezada. Deus só fala, se um profeta fala em êxtase, de outra forma, qualquer versículo da bíblia que seja lido ou explicado, não tem qualquer grau de relevância com uma revelação extrabiblica. Eu creio na atualidade de muitos dons, não sou cessacionista, porem também não sou sensacionalista. Creio na autoridade e no poder das escrituras, e tudo o que vem fora dela tem que passar pelo crivo de seus ensinos, senão, de outra forma, rejeito completamente. Assim tenho feito, e não tenho errado. O tempo me mostrou que a maioria esmagadora de      “recados místicos” e “profecias” que ouvi e testemunhei, nunca se cumpriram, ou simplesmente desvaneceram no tempo, enquanto que a minha bíblia tem sido útil em todos os momentos da minha vida.
O apostolo Paulo desde o principio de sua carta aos gálatas já se admirava do fato de tão depressa os galacianos mudassem de evangelho. Começando no espírito, acabaram na carne. Começaram com a graça para a obediência, terminaram em obediência para a justificação. Todas congregações deveriam manter-se vigilantes, com relação a doutrina. As cartas do Novo Testamento bem como a historia do povo judeu no Antigo Testamento nos revelam que a verdade é desprezada de forma mais rápida do que imaginamos.  Observe como Jesus revela a condição das sete igrejas da Ásia. O declínio é por demais evidente para que deixemos de observar o fato de que elas ainda estavam no fervor do pentecostes, e tinham em suas fileiras, muita gente  que tiveram relação direta com os  discípulos de Cristo, me surpreende o declínio. Não foram guardiãs das verdades  do verdadeiro evangelho. Por esse motivo, deveríamos olhar com mais cuidado e fazer a nossa verificação.
A grande tragédia na vida de muitos, é que a transição do verdadeiro para um falso evangelho se dá de forma sutil e imperceptível. Não há uma percepção verdadeira, e a mudança se dá de forma sorrateira. Mesmo distante do evangelho original, pautado nas paginas do Novo Testamento, os enganados acreditam estarem firmes na verdade. Esse é o poder da enganação religiosa, quando um cristão não tem um zelo verdadeiro pela verdade, torna-se um hipócrita, quando não tem convicções firmes e fortes, torna-se vitima dos engodos do diabo. O inimigo tem investido muito em um evangelho falso, porque isso dá a impressão de uma segurança espiritual, afinal de contas a vitima está frequentando uma igreja, assistindo os cultos, e tem posse de artefatos que os dá a impressão de viver uma verdadeira fé cristã, como um exemplar da bíblia, carteirinha de membro, certificado de batismo, e o seu nome registrado no rol de membros da denominação.  Tudo isso pode ser puro engodo. O homem que realmente nasceu de novo, não vive de alimento espiritual superficial, ele procura alimento solido, que o fortalece na fé e firma sua vida  cristã de forma concreta e real.
A base de nossa vida cristã autentica está no modo como lidamos com as escrituras em nossa vida. Ela é a lâmpada que nos conduz aos passos seguros na caminhada de fé. O desprezo pela palavra, contextualizada, uniforme, abrangente é um sinal de que um pregador não está espiritualmente enfermo. Tomamos em primeiro lugar o fator do contexto, na hora de pregar e ensinar as escrituras, esse deve ser um sinal de que o pregador tem equilíbrio espiritual e capacidade de proclamar os conselhos de Deus, se um pregador não respeita o contexto ou que fazer shows carismáticos ou promover  ideias sem respaldos bíblicos, não é verdadeiro pregador, é um embusteiro. Segundo:Uniformidade na exposição e na pregação, por que isso revela que a mensagem se harmoniza com o seu todo, e por ultimo abrangente: isso significa que o pregador expõe todos os conselhos de Deus. Não existem temas agradáveis e desagradáveis na bíblia, ou pregamos sobre todos os assuntos, ou seremos meros enganadores, se propusermos a proclamar somente aquilo que os outros querem e gostam de ouvir. 
De pregadores passamos para ouvintes. Almas transformadas querem alimento celeste, não meros artifícios religiosos. Ao invés de estar interessado em seu próprio bem estar, sua meta é alcançar um nível de vida que preenchem os requisitos de um verdadeiro homem santo. É aqui que muitos perecem no teste do sinal do verdadeiro convertido. O cristão verdadeiro, está disposto a colocar em pratica aquilo que as escrituras exigem e a abandonar aquilo que as escrituras condenam. Ele este engajado nesse alvo. Assim como não vai para as reuniões para se sentir bem, mas vai porque é adorador! Ele sabe que o culto, não é centralizado em si mesmo, mas em Cristo. A melhor maneira de prevenir o engano e  apostasia pessoal, é engajar-se a uma vidas de amor aos mandamentos, e uma obediência dedicada a eles. Tanto no salmos 1, quanto no 119 vemos que a característica principal de um santo é viver amando os mandamentos. Para que isso seja um fato na nossa vida, é preciso mortificar a nossa natureza, porque nela está enraizada a nossa razão, nossas opiniões e nossos conceitos carnais. Queremos servir a Deus sem contudo seguir os passos do mestre e não obedecer as normas morais contidos na s escrituras? Amar a Deus sem contudo querer se sujeitar a Deus é demonstrar um amor perverso por Ele. Deus não aceita esse tipo de amor, para amar oi Deus verdadeiro precisamos ter um amor verdadeiro para amar a Ele de verdade.
Finalmente, devemos tomar todas as devidas precauções, porque um falso evangelho embora seja uma “benção” aos olhos humanos, pode ser aos olhos divinos uma maldição. Eu não creio que os galacianos tinham um conceito perverso do próprio evangelho que pregavam. Eles estavam enganados e não percebiam. Interessante que o Senhor Jesus elogia a igreja de Efeso, porque os cristãos daquela igreja perceberam que estavam sendo enganados por pessoas que afirmavam serem apóstolos de Cristo, mas eram enganadores. Os irmãos da igreja de Efeso pós a prova e acharam tais, mentirosos.  A afirmativa de Paulo mistura-se com a advertência, em Gálatas 1:8 e 9, mesmo que um anjo desça para pregar um evangelho diferente, que seja anátema. Essa ênfase sobre os anjos nos remete para a questão do sobrenatural, sinais e maravilhas e coisas desse gênero. Devemos tomar cuidado, porque a veracidade não é medida pela experiência espiritual, mas pela doutrina das escrituras. O anátema não vem pelo caminho da sã doutrina, mas pela perversão do evangelho. A pergunta é estamos dispostos a pagar o preço em permanecer na verdade mesmo diante de tanta confusão que reina no meio evangélico nos dias atuais? Haverá um tempo em que o caminho será solitário. A maioria abraça um evangelho fácil, em tempos que Paulo profetizou serem fias difíceis, e isso por si mesmo já uma grande contradição e falta de discernimento. Estejamos cientes das implicações que o verdadeiro evangelho nos apresenta, e esteja,os prontos a combater o combate, acabara a carreira e guardar a fé.

Pr Clavio Juvenal Jacinto

(1)    Vincent Cheun. A Luz das Nossas Mentes. Monergismo. Pag 27

(2)    Antinimianismo, é a corrente teológica que ensina que estamos livres de qualquer tipo de lei.

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