quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

A SINDROME DE NABUCODONOSOR



 A Babilônia teve um monarca extremamente egocêntrico, seu nome era Nabucodonosor, no auge do seu egoísmo infectado pelo orgulho, ele declara ser possuidor de atributos divinos e exalta-se a si mesmo dentro do próprio coração. Os degraus do seu ego, o levou a auto-idolatria, e como esse pecado é extremamente vil, impossível será encontrarmos alguém que sendo afetado pela idolatria do seu próprio ego, não deseje que os outros se prostrem ou aplaudam a ele como o centro da criação.  O caso de Nabucodonosor é narrado precisamente em Daniel 4:37 a 39. Ele está no auge da sua visão de seu próprio mundo, a Babilônia. Seus palácios, suas ruas, os templos, o muro, as pessoas e seu coração se exaltou sobremodo que ele se via como o sol em que toda a poeira cósmica, os homens, deveriam girar e gravitar. Essa era a visão o monarca tinha de si mesmo. Seu orgulho era um monstro cego que clamava por adoração dentro de si.
Em Atos 12 Herodes Agripa parece que sofreu da mesma síndrome,  alvo de idolatria, aplausos e fama, ao lado de gente disposta a adorá-lo como uma divindade, por não ter dado glória a Deus, mas por ter roubado a glória que pertence ao Senhor,  sofreu as  duras penalidades. Como em uma frase de George Eliot, que dizia que o galo pensava que o sol se levantou para ouvi-lo cantar, há em nosso mundo pessoas que acham que o sol os planetas e todas as pessoas giram em torno dele mesmo.  Ainda que parecia ter um exercito invencível, Senaqueribe acabou perdendo seu exercito e do poder temporal caiu para a desgraça da morte prematura, abatido pelos próprios filhos. (Isaias 37;36 a 38) Não há como não fazer coro com Salomão em Eclesiastes: vaidade das vaidades, tudo é vaidade.

É certo que Deus abate os orgulhosos e exalta aos humildes. Cristo demonstrou sua humildade lavando os pés dos discípulos, ato considerado como ofício de escravos, porém as escrituras afirmam  ser ele a imagem do Deus invisível (Hebreus 1;3) e que tudo foi feito por Ele e sem ele nada do que foi feito se fez. (Leia João 1:1 a 3)
O egoísmo e o orgulho são doenças próprias do humanismo, preocupa-me como o  evangelho moderno tende a fabricar seus ídolos, como tanta gente se inclina a vaidade de  desejar ser o centro onde as coisas religiosas e os religiosos devem gravitar.  Da religiosidade cristã moderna, nasceu os palcos, os picadeiros onde pessoas começam a se projetar, cantando ou pregando, fazendo fortunas e ganhando espaço para agigantar seu ego. A fome pelos aplausos, a fama, o êxito, a glória dos homens infecta grande parte dos artistas e pregadores, pastores e pessoas que a cargo de títulos eclesiásticos, se auto-definem como se fossem divindades ou seres superiores cujo universo deve girar em torno deles. Essa é a marca distinta dessa geração de religiosos distantes do evangelho.  O mundo trai a confiança e os mundanos seguem essa regra de que os que aplaudem pregadores e cantores que usam de técnicas para receber fama precisam reajustar toda a cosmovisão espiritual de acordo com os valores do mundo, de outra forma, o que virá é perseguição, ódio e desprezo. Num mundo relativista que dá espaço para uma religião evangélica apostata, não há espaço para pregadores sérios, que ainda preguem a mensagem da cruz, e nem há espaço para quem deseje cantar para glorificara DEUS. O mundo dita seus valores e suas regras, e quem não amolda-se a esses valores será descartado, rejeitado, criticado e perseguido. Adverte Paulo que aquele que deseja seguir o caminho da santidade, será perseguido por esse mundo ( II Timoteo 3;12)
A síndrome de Nabucodonosor é um grande problema no sistema evangélico atual. A moda é ser artista, copiar artistas, é projetar-se e construir um império encima de uma função. Para que isso de certo, a natureza de uma mensagem ou de um cântico deve corresponder ao sistema; deve ser comercial, não beligerante, não confrontadora, então precisa adaptar-se aos princípios de marketing.   Mensagens de auto-estima, uso de técnicas psicológicas,  estratégias diversas, como meio de arrancar fortes emoções de ouvintes, o homem é o centro sempre, como diz as escrituras, que um abismo chama outro abismo. Para receber aplausos dos ouvintes, o artista religioso precisa cantar ou falar aquilo que o ego humano deseja ouvir. Daí os chavões usados, as gírias espirituosas que tanto ouvimos hoje, são esses os mecanismos psicológicos que ajudam na elaboração do show. Não é de admirar que pregadores que evitam a mensagem da cruz, chame pessoas ao arrependimento, proclame os juízos divinos, denuncie os pecados mais aberrantes de nossa época, denuncie as falácias religiosas do deus desse século, pregue sobre a humildade e a obediência ao evangelho, são os mais proeminentes da nossa época, do contrario não irá se projetar no sistema, ele pode conseguir espaço por causa do seu zelo e insistência em prol da verdade, mas não terá o apoio de uma cristandade apostata.
É por isso que vimos a religião moderna como uma enorme indústria de entretenimento, a igreja deixou de ser uma agencia que proclama a cruz de Cristo e as verdades fundamentais do evangelho, deixou de proclamar a verdade que envolve a morte de Cristo e a sua ressurreição, para promover a diversão, e transformar as reuniões em imensos ambientes de controle emocional. Usam-se os chavões como meios, para que se torne uma válvula de escape para aliviar o peso do sofrimento humano, mesmo que o efeito seja apenas temporariamente anestésico, torna-se uma válvula de escape para dar alivio a todo tipo de tensões e problemas que se alojam na alma humana.
A promoção da fé mágica, que dá alivio imediato e resolve os problemas materiais e sentimentais do homem ocupa a agenda dos mensageiros do engano. É lógico que tal assunto está em voga na maior parte dos púlpitos modernos.  Primeiramente foi os adeptos da Nova era e do movimento espiritualista que proclamaram isso. a auto-estima, o pensamento positivo, a religião mágica que dá ênfase ao poder da mente,  o mito de determinar que um fato aconteça de acordo com a vontade egoísta do homem, o pregador moderno geralmente trata o pecado como se fosse uma ilusão, como se não existisse, tal como já defendia a ciência cristã.  As mensagens positivistas, de auto-exaltação, do triunfo pessoal, do pensamento positivo e voltado em direção das riquezas, isso já era proclamado pelos espiritualistas como Napoleon Hill e outros. Parte dos conceitos de fé e pensamento positivo que ouvimos com tanta freqüência nas mensagens modernas,  não tem suas origens nos pregadores e teólogos do passado, muito menos na bíblia, mas tem uma descarada influencia das religiões orientais.
A tentativa de manipular as circunstancias através de uma suposta fé, nunca foi ensinado nas escrituras como se fosse uma fé verdadeira.  Isso nada mais é do que espiritualismo descarado! Note que a ausência de sermões que denunciem os pecados dessa geração, que se oponha ao mundanismo que está cravado no seio da igreja apostata, sermões que preguem arrependimento e abandono dos pecados, não são proclamados, tal como fazia toda uma geração de pregadores, como eram os puritanos por exemplo. Tudo isso são provas de que estamos vivendo em uma era de enganos. Mas é justamente esse o perfil de um pregador ou cantor que deseja fazer sucesso e ganhar dinheiro. Pouco a pouco muitos homens não convertidos, descobriram que a igreja moderna é composta de uma vasta multidão de gente sem discernimento, e introduziram encobertamente os meios necessários para explorar a credulidade dessa gente. Assim como livros de auto-ajuda vendiam aos milhares no mundo, porque não introduzir essa técnica nas musicas e nas pregações? Até hoje, a maioria daqueles que se constituem os “evangélicos modernos” não percebem essa invasão profana, justamente porque nunca tiveram um contato com o verdadeiro evangelho para terem um discernimento eficiente para perceber esse engano.
Assim, encontramos agora um exercito de “ungidos” supostamente intocáveis, que afirmam serem enviados celestes com títulos pomposos, pregando coisas arrogantes e vivendo debaixo de uma vida cheia de regalias e confortos. Alguns vivem sustentando de forma oculta a avareza e minam as bases fundamentais do evangelho com suas mensagens metafisicas, satisfazendo os desejos egoístas, de serem adorados, idolatrados, aplaudidos, etc. Essa é a síndrome de Nabodonosor, e toda a nossa geração (salvo um pequeno remanescente) está contaminada por esse desvio da ortodoxia. , com certeza o drama dessa apostasia pode ser vista do ângulo mais real: a igreja corrompida sustenta esses falsos profetas, esses falsários religiosos, que enganam os incautos com sua teologia soberba para alimentar a auto-idolatria, tudo isso no mais pomposo sentimento de que são enviados especiais de Deus com uma missão nesse mundo. Não disse Paulo em Colossenses 2;8 que deveríamos ter cuidado, para que ninguém nos faça presa por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo?

Era hora de acordar desse sono. Cristo nos convida a humildade, a colocar o reino de Deus em primeiro lugar, não nossos sonhos e opiniões. A viver com piedade e contentamento, não em avareza e idolatria.  Ainda resta uma via de ortodoxia nessa confusão babilônica, são as veredas antigas, quem deseja caminhar por elas? As veredas antigas, um caminho arcaico aos olhos humanos, mas um caminho seguro para a comunhão com Deus pelo caminho da obediência. 

Pr Clavio J. Jacinto

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