sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Falando em Mistérios?



Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios (I Corintios 14:2)

Falar em mistério significa falar um idioma enigmático e desconexo? Significa falar em um idioma indecifrável? Ou de forma a expressar uma linguagem sobrenatural de origem celestial?
Em primeiro lugar, a palavra mistério aqui, não denota o sentido comum como entendemos a Palavra mistério hoje. No contexto do Novo Testamento e principalmente das epistolas de Paulo a palavra grega “musterion” era algo conhecido aos iniciados. Segundo Vine, em seu dicionário exegético das Palavras do Novo Testamento (CPAD) significa algo que estando fora do seu âmbito da apreensão natural sem auxilio, só pode ser conhecido pela revelação divina e é conhecido no modo e no tempo designados por Deus. No sentido comum, mistério implica conhecimento retido, seu sentido bíblico é verdade revelada”(Pagina 795). O texto bíblico citado tem um sentido original de apresentar que o mistério está fora do escopo da compreensão do ouvinte, porque não havia interpretes. Ora, nesse caso o entendimento fica sem fruto (I Coríntios 14:14). Mas pregar um “mistério” revelado nos propósitos de Deus, em uma língua desconhecida, não significa falar em uma  língua celestial. “Cristo é o mistério da piedade que foi manifesto” (I Timoteo 3:16)Não há um único versículo nas escrituras que prove a existência de idiomas celestiais. Pelo contrario, todas as vezes que Deus ou os anjos falaram, o uso da linguagem é idioma terreno. Tanto por ocasião do batismo como na ocasião da transfiguração, a linguagem divina “Este é o meu Filho Amado, a quem me comprazo (Mateus 3:17 e 17:5) a voz celestial está na linguagem vernacular, ou seja da terra. Em Daniel 7:25, a escrita na parede, embora seja de origem sobrenatural, “Mene mene tequel Ufarsim”  era um idioma conhecido que Daniel conhecia, e tudo indica que as letras eram caracteres hebraicos mais primitivos,(aramaico) e por isso Daniel não viu dificuldades em Lê-los. Da mesma forma, Deus entrega os dez mandamentos escritos pessoalmente por Ele, escreveu com seus próprios dedos, usou uma  linguagem comum ao povo, ou seja  o hebraico(Êxodo 31:18) precisamos entender isso, esses são exemplos bíblicos de idiomas que Deus usou para se comunicar com os homens. Biblicamente falando, e permitindo que ela seja nossa autoridade final, não há como provar que exista uma linguagem ou idioma “celestial”. Posso citar muitos outros exemplos, Deus falou com Noé, e ele entendeu o que o Senhor estava dizendo (Genesis 8:15) Da mesma forma falou com Isaias e a linguagem era inteligível e vernacular (Isaias 9:8) O mesmo se deu com Samuel (I Samuel 3:11) Todos os que crêem que existe tal idioma celestial, precisam apelar unicamente para a experiência e nada mais.  E nesse caso, o “sola Scritptura” cai por terra, e a bíblia não mais passa a ser autoridade, a suficiência das escrituras passa a ser minada na sua base, quando a experiência determina se algo é ou não correto.
Olhamos para o contexto, em I Coríntios 14:21, Paulo associa as línguas desse capitulo, com a profecia de Isaias 29:11 e 12. E trata-se de línguas estrangeiras. Isso harmoniza-se perfeitamente com a fenômeno das línguas em Atos 2:8 “Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que fomos nascidos?” é claro que nesse texto, os que receberam o dom, falavam em  estrangeiras para anunciar a todo mundo a glória do evangelho. Nesse estagio de nossa compreensão entendemos que estavam anunciando o evangelho, o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e todas as gerações,  que agora foi manifesto aos seus santos”(Colossenses 1:26). Assim lemos em um contexto imediato que Paulo fala desse mistério aos coríntios: “Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória”(I Coríntios 2:7) Essa é a revelação que veio desde o pentecostes de forma ampla para fundamentar as bases da fé cristã e sua proclamação universal (I Coríntios 2:10). Isso está de acordo com I Coríntios 14:5, o que fala a língua precisa de um interprete para que a igreja receba edificação. No grego, a palavra traduzida por interprete é “diermenuó”, segundo o léxico de Strong e também de Thayer, significa desdobrar o que foi dito, explicar, traduzir algo de uma língua nativa, uma explicação completa ou uma tradução do que foi falado. É muito simples compreendermos as Escrituras, quando ela interpreta a si mesma. “E, por mim para que seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho”(Efésios 6:19)

 Em segundo lugar, entendemos que Paulo está fazendo sérias repreensões e corrigindo aos Corintos sobre esse assunto.  Precisamos ser adultos no entendimento (I Coríntios 14:20) “Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? Porque estareis como se falando ao ar”(I Coríntios 14:9)tendo em vista que o propósito de Deus é organizado e não confuso, tudo o que não tem um propósito em si, que não promove a centralização da mensagem da cruz, não tem apoio bíblico. O “ide e pregai o  evangelho” que Cristo ordenou, não poderia ser cumprido, se não existisse o dom de línguas. Essa proclamação aos gentios começou em atos 2, e isso vimos de forma como Deus é perfeito em cumprir os seus propósitos em capacitar muitos cristãos para proclamar as boas novas, o mistério que estava oculto, mas que agora deve ser revelado a todos os gentios e em todas as nações.

CLAVIO JUVENAL JACINTO

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